Pra pensar: Carreta com carne é saqueada. Carreta com livros? Nem tocam.
Dois episódios recentes mostram como o brasileiro reage de forma bem diferente dependendo do que está no chão.
No dia 2 de agosto, em Carmópolis de Minas, uma carreta cheia de livros tombou na Rodovia Fernão Dias. Centenas de exemplares ficaram espalhados pelo asfalto. Mas, para surpresa de muitos, ninguém se aproximou para levar nada. Os livros ficaram lá, intactos, como se não despertassem interesse.
Dias antes, no Complexo da Pedreira, no Rio de Janeiro, a história foi outra. Um caminhão carregado de carne foi interceptado, roubado e, depois de liberado, foi invadido por moradores. Mesmo com a polícia presente, boa parte da carga foi levada.
A cena chamou atenção e gerou reflexão. Um psicólogo ouvido pela Central da Notícia explicou que comer é instinto, mas ler exige aprendizado e provoca mudanças:
“As pessoas temem o que alimentar a mente pode causar. Comer é biológico, já nascemos sabendo. Ler é pensar, precisamos aprender. Quem come sobrevive, quem pensa escolhe como quer viver.”
Para ele, isso ajuda a entender por que o brasileiro médio é, muitas vezes, manipulável e manipulado: há fome de comida, mas não há a mesma fome por conhecimento.
O contraste entre a carne levada às pressas e os livros ignorados é mais do que coincidência — é um retrato de como a cultura ainda é deixada de lado, mesmo quando está literalmente ao alcance das mãos.