ESTUDANTE DESENVOLVE APP QUE AJUDA MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA A PEDIREM SOCORRO

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Um aplicativo de celular desenvolvido por um universitário de Botucatu está ajudando centenas de mulheres vítimas de violência a denunciarem crimes de gênero em várias cidades do país.

O programa, chamado “Está Acontecendo”, permite às vítimas solicitar socorro de maneira instantânea diante de situações de risco. Atualmente, mais de 600 mulheres estão utilizando o serviço.

A ferramenta foi criada pelo estudante de Engenharia de Computação Fernando Moura de 38 anos e outros três desenvolvedores. Ele produziu o app para um projeto da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), onde estuda.

“Quando fui aprovado no vestibular, houve um feminicídio a quatro quarteirões da minha casa. Em um programa de rádio, alguém disse: ‘podiam desenvolver um aplicativo em que a mulher pedisse ajuda em um clique’. Eu falei: ‘vou fazer isso’”, conta Fernando.

Além das próprias vítimas, o aplicativo tem sido utilizado pela Guarda Civil Municipal (GCM) de 6 cidades espalhadas pelo país. Em São Manuel, Várzea Paulista, Suzano, Araras, Delmiro Gouveia e Itabuna, as polícias locais integraram a ferramenta nas suas redes de operação para atender a chamados de socorro.

“Nessas cidades, a mulher tem acesso a um botão específico que é ligado à GCM. Quando está em situação de risco, ela dispara um envio à central de polícia, que recebe uma notificação diferente das demais”, explica o desenvolvedor.

Com o aplicativo, a Polícia recebe o pedido de ajuda e obtém, imediatamente, a localização da vítima por meio de georreferenciamento. Em abril do ano passado, a GCM de São Manuel prendeu dois agressores em flagrante desta forma.

“Cada vez que vemos um caso que o aplicativo ajudou, ficamos emocionados. Conseguimos atender ao objetivo”, diz Fernando.

Como funciona o app?

O aplicativo disponibiliza três botões principais. Os dois primeiros são o “Estou sendo assediada” e o “Me sinto ameaçada”. Com apenas um toque em um deles, a ferramenta envia para um contato de preferência da vítima no WhatsApp uma mensagem pré-configurada de pedido de socorro e a geolocalização da mulher.

O terceiro botão é o “Preciso de ajuda”, que, segundo Fernando, deve ser utilizado em casos em que a mulher julgue necessária a intervenção de outra pessoa para tirá-la daquele contexto. Essa opção também envia pedido de ajuda e localização para um contato da vítima.

Nas cidades em que o app é integrado à GCM, como é o caso de São Manuel, no centro-oeste paulista, há ainda um quarto botão, que aparece na interface do app em destaque. É por meio de um simples toque nele que a mulher envia um chamado de ajuda à polícia.

O programa conta ainda com um botão adicional, o “Mostrar no mapa”, que aponta à vítima a atual localização dela, caso ela não saiba exatamente onde está.

Hoje, o aplicativo está disponível apenas para o sistema Android. De acordo com Fernando, uma versão para o iOS deve ser lançada em breve.

CASO MARIANA BAZZA

Fernando disse que, além do feminicídio que ocorreu próximo da casa dele, outro crime que o levou a decidir pela criação do aplicativo foi o caso Mariana Bazza, universitária de 19 anos que foi estuprada e morta por Rodrigo Pereira Alves, à época com 37 anos, em setembro de 2019.

“Foi uma história que repercutiu muito na região. Me fez refletir que eu estava no caminho certo criando esse aplicativo”, diz.

Segundo as investigações do caso, Mariana foi atraída por Rodrigo para uma chácara com a promessa de consertar o pneu do carro dela – que, segundo o Ministério Público, ele mesmo havia esvaziado.

A jovem chegou a mandar para o namorado uma foto de Rodrigo trocando o pneu do carro, registro que ajudou a polícia a identificar o homem. Após ameaçar a vítima com uma faca, ele usou pedaços da blusa dela para vendá-la, amordaçá-la e matá-la asfixiada. Rodrigo foi condenado a 40 anos de prisão pelo crime.

Via G1.

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